quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Beija Flores

 
 
Passam rápido e intensamente por nossas vidas
As vezes dilaceram nossos corações
E logo encontram outra flor em sua idade em flor para distrair
Enquanto vago a chorar minhas próprias mágoas.
Não deveria ter feito algumas coisas, hoje sei
É aprendizado, portanto doloroso
Mais nem tanto
Outros beija-flores virão e, sem pétalas, me deixarão aos prantos .



Pequeno poema escrito por uma moça bonita que não quer se identificar, mas que me deixou publicar aqui.

domingo, 25 de novembro de 2012

Memórias de um Camaro

   A noite escura se expande durante a madrugada, uma leve neblina paira sobre as ruas vazias da grande metrópole. Enquanto caminho sem rumo, entorpecido por drogas pesadas, o vento frio uiva entre os prédios e corre para todos os lados, das ruas aos becos escuros entupidos de "nóias", todos com uma aparência decrépita, vagando como zumbis em busca de algumas pedras de crack....
   A noite sempre é fria quando não se tem um teto para dormir...
   Vago pela calçada enquanto olho para os becos e vejo pessoas, algumas de sexo indefinido, raquíticas, dormindo ou no coma profundo dos entorpecentes, o frio é congelante e o vento forte diminui ainda mais a sensação térmica. Enquanto caminho perdido na minha deslucidez, divago sobre minha vida de antes e depois, lembro dos momentos felizes, das festas, dos amigos, das bebidas, do barulho do motor do meu carro que eu tanto amava, de como minha vida que era vazia, se preencheu de uma hora para outra e, da mesma maneira, se esvaziou novamente.
   Lembro-me de quando vivia naquele minúsculo apartamento no condomínio residencial mais tosco da cidade, estava sempre sem dinheiro, vivia de alguns bicos que fazia por aí, não gostava muito de trabalhar e nem completei o 2° grau, talvez por conta disso não me firmava em nenhum emprego. Tudo o que me interessava é ter um dinheirinho pro final de semana, sair com os amigos, beber até cair, e voltar para casa com minha moto, dirigindo perigosamente pelas ruas, é um mistério eu nunca ter me envolvido em algum acidente.
   Essa época era horrível, sentia que algo faltava em minha vida, sentia que era vazia, talvez o amor daquela mulher, aquela que eu sempre encontrava onde ia, ficava horas a olhando, encantado, mas ela nem me olhava, as vezes dava a impressão de que ela fazia de tudo pra eu a perceber, mas nem sequer me olhava.
   Quando de repente tudo mudou, meu pai que a muito não via, havia falecido, quase nunca falei com ele, só sabia que era rico e que não queria nada comigo. Por ser meu pai, fingi estar triste, fingi algum remorso pelo tempo perdido, pela possibilidade de ter tido um pai algum dia...apenas fingi.
   Por dentro, o que passava pela minha cabeça era a minha herança, me sentia mal por isso, mas não conseguia deixar de pensar em todo aquele dinheiro que o velho me deixou, o quanto minha vida vai melhorar daqui pra frente.
   Passaram-se alguns meses, tudo tinha mudado, vivia em uma mansão, fazia festas quase todos dias, eram festas transcendentais, orgias, mulheres, luxo, vez ou outra aparecia algum jogador de futebol famoso, Neymar era meu amigo de infância. Apesar de tudo, nada alegrava mais meu dia que meu amado carro, até onde me lembro, foi a primeira coisa que comprei com meu dinheiro, pagamento a vista, acho que custou uns R$500.000,00, era um Camaro, igual a aquele do Transformers, pegava qualquer mulher com ele.
   Não me preocupava nenhum pouco com o porvir, tudo no que pensava era em gastar aquele dinheiro infinito, até a moça por quem eu era apaixonado me quis, mas agora eu não era mais aquele pobretão de antes, conseguia qualquer mulher que quisesse, por que perder tempo com aquela periguete?
   Minha vida não era mais vazia, pelo menos era o que eu pensava, apesar de tudo, ainda havia algo faltando, só não sabia o que era, então eu gastava mais e mais, festejava e me embriagava ainda mais, talvez na procura do que estava faltando, não sei.
   É claro que um dia o dinheiro acabaria, eu não trabalhava, nunca estudei, não sabia investir, só sabia gastar e foi o que fiz, gastei até o último centavo. De repente os amigos foram sumindo, as garotas, não me queriam mais, até o Neymar me abandonou, tive que ir me desfazendo de minhas coisas, minha mansão, móveis, tudo. A cada coisa que levavam era como se um pedaço de meu coração fosse arrancado, o que mais me afetou com certeza foi quando tive de vender meu Camaro, aquele carro era parte de mim, era como um filho, era um amigo, o que melhor me compreendia, foi o fim de tudo.
   A bebida já não era o suficiente, eu precisava me entorpecer ou me embriagar, da maneira mais forte e barata possível, minha vida ja estava no fundo do poço, aquele vazio que eu sentia antes, agora era muito pior, nada mais fazia sentido, a priori de minhas preocupações agora era ficar louco, transcender deste mundo, abandonar todas as coisas que aconteciam comigo, o fim chegou rápido.
   Já não tenho mais nada, vivo nas ruas vagando sem rumo, entoxicado, me sentindo um lixo, tentando esquecer meu passado glorioso que agora me assombra como fantasmas, iguais aos que assombravam o dr. Scrooge de "O Natal do Avarento".
   E aquela mulher que nem me olhava? Fazia de tudo pra me perceber, mas nem me olhava? O que aconteceu com ela, por que ainda penso nela?  
 
 
 
 

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Os Vigilantes

   O ano era de 2056, o caos tomava conta da grande cidade de Santana que gritava por socorro em cada beco e viela escura e fétida.
   A algum tempo atrás, a cidade era mais calma e segura, mas graças as várias industrias que se mudaram para cá em busca de impostos reduzidos e mão de obra barata propagada pelo prefeito com a intenção de enriquecer a cidade, Santana se tornou uma metrópole, mas com isso vieram os problemas. Traficantes espalham vícios e loucura entre os jovens que entorpecidos se tornam zumbis capazes de tudo para manterem-se desvairados pelo tóxico, bandidos, assassinos, assaltantes, cafetões e prostitutas sujam as ruas, estupradores se esgueiram entre os becos escuros atrás de jovens perdidas, policiais corruptos esperam em suas viaturas pelo arrego, e a noite se mantém a cada semana mais escura e perigosa.
   Na TV é anunciada a greve dos policiais, mesmo os corruptos não tinham condições de se manterem vivos, não com aquele salário, não com aquele equipamento ou com o treinamento rídiculo. É claro que greve entre militares é crime e eles deveriam ser presos por isso, mas quem vai prende-los? A policia?
   Alexandre é um policial aposentado que agora trabalha como segurança em uma das várias industrias que enriquecem a cidade, todos os dias ao fim de seu turno, ele pega dois ônibus para chegar em casa e ainda tem um percurso de 20 minutos a pé. Enquanto espera no ponto de ônibus para voltar pra casa, nota que sempre tem as mesmas prostituas velhas que imploram por sexo a qualquer um que passe por elas, dentro do ônibus, jovens se entorpecem e praticam atos libidinosos sem nenhum pudor, nas ruas mendigos vagam sem rumo entre as calçadas sujas.
   Alexandre vê tudo isso com desgosto, lembra dos velhos tempos de quando era policial, lembra dos criminosos que prendeu e de como era dedicado a combater o crime, apesar de ter orgulho da policia, era contra a greve dos policiais, "eles sabiam do risco quando se alistaram para a policia, as pessoas precisam deles" era o que Alexandre pensava, mas seus anos de apogeu acabaram e agora só lhe resta balbuciar para si mesmo sobre o rumo em que as coisas tomaram.
   Em uma noite qualquer, durante o turno de Alexandre, que ficava o dia inteiro na portaria da empresa apenas abrindo e fechando cancelas, verificando credenciais, entre outros trabalhos entediantes.
   Pesquisas secretas eram feitas no interior da indústria, era uma fábrica de remédios, mas que tinha apoio do governo para pesquisas mais perigosas, com o fim de criar algum medicamento poderoso capaz de curar qualquer doença e aumentar a expectativa de vida das pessoas, o problema é que escondiam o fato de usar reagente ilegais na fabricação.
  Ocorreu um pequeno vazamento de um gás superconcentrado enquanto Alexandre estava em seu  posto, os funcionários foram liberados mais cedo, Alexandre foi embora pra casa, não demonstrava contentamento por sair mais cedo daquele trabalho chato, ele não tinha pressa pra voltar para seu solitário e desarrumado lar, olhar a foto de sua filha que não vê a anos, desde que se divorciou de sua esposa, e tentar dormir em vão durante horas, enquanto pesadelos assombram sua mente.
   No dia seguinte, ele recebeu uma ligação, a industria havia sido fechada, todos os empregados dispensados do dia pra noite, em sua conta foi depositado todo o dinheiro que lhe era devido, por conta da demissão, agora só resta a Alexandre ir em busca de um novo emprego, somente a aposentadoria de policial não era o suficiente para sustentá-lo e pagar a pensão. Mas por hora é melhor aproveitar o dia de folga para se embriagar com aquele velho Whisky barato guardado na geladeira e tragar aquele cigarro paraguaio comprado aos montes, enquanto divaga sobre o quão miserável e deprimente é a sua vida, nem passa em sua cabeça o por quê do fechamento da industria, nenhuma teoria da conspiração, nenhum lamento pela perda do emprego, nada, apenas as formas estranhas, que a espessa fumaça assoprada por sua boca, assume.
   Algo estranho acontece, o Whisky não o embriaga, não importa o quanto Alexandre beba daquela bebida amarga, nem o quão rápido ele bebe, não surge o efeito desejado, enraivecido, ele lança a garrafa contra a parede e mesmo sendo vidro causa uma rachadura enorme no concreto, curioso, Alexandre se aproxima da parede e olha atentamente, após alguns segundos, percebe que está descalço sobre cacos de vidro e seu pé está intacto.
  De repente, ouve gritos no corredor do prédio onde ele mora, ao sair de seu apartamento, se depara com um homem encapuzado com uma faca na mão, estuprando uma mulher, rapidamente, Alexandre investiu contra o homem, dando-lhe um soco na face, a mulher corre sem nem olhar pra trás.



Continua .....

sábado, 6 de outubro de 2012

O Palhaço Pagliare

 
 Fazia um frio congelante nas ruas de Londres, a neblina pairava sobre as pessoas e carros que corriam em uma vem e vão frenético e infinito, nas paredes e postes do grande centro da cidade, encontram-se pregado vários cartazes sobre um circo francês e seu famoso Palhaço Pagliare, conhecido no mundo todo por seus espetáculos de comédia que agradam pessoas de todas as idades e de qualquer parte do mundo.
   Era uma tarde de sexta, as pessoas iam para o trabalho com aquele alívio de ser o último dia útil da semana, ao menos para a maioria delas. Entre os grandes prédios residencias da rua Sloane CT W, próximo a Turk's Row localizava-se um pequeno escritório de psiquiatria e psicologia cujo o nome foi inspirado na rua em que se localiza, talvez por uma questão de marketing, para facilitar a quem o procura.
   Um cliente chega para a consulta, ele diz seu nome para a atendente, que o pede para esperar enquanto o doutor ainda está com outro paciente. Aquele homem era pequeno, aproximadamente 1,67 m de altura, magro, tinha um semblante triste e deprimente, usava um casaco longo de couro que o protegia do frio extremo de Londres, tinha um bigode engraçado, daqueles que eram usados nos anos 40, que enrolavam nas pontas, e possuía um sotaque estranho, talvez francês ou italiano.
   Não demorou muito para que o doutor chamasse o pequeno e estranho homem, ele entrou no escritório, sentou-se no divã e fitou um quadro de Van Gogh que decorava o escritório durante alguns segundos.
   -Conte-me, o que assola sua mente? - Disse o psicólogo
   O paciente ficou alguns segundos calado, imóvel, depois, fechou os olhos, respirou lentamente e disse:
   -Nada mais me alegra, não consigo mais rir, não sinto graça em nada. - Disse o homem deitado no divã com uma expressão ainda mais triste, e com os olhos cheios de lágrima, como se estivesse segurando o choro.
   -Já sei o seu problema, parece cansado, estressado, você precisa se divertir, tem um show com o palhaço Pagliare, ele é famoso, eu já fui e é muito engraçado, sei que você vai gostar, com certeza vai te fazer melhor - Disse o médico com um tom forte e certo, passando confiança.
   O paciente olhou para o psicólogo com uma cara de espanto, se manteve o encarando por algum tempo, imóvel, lágrimas começaram a cair de seus olhos, após alguns segundos, ele se virou novamente, voltou a fitar o quadro  e disse:
   -M-mas d-outor, e-e-eu sou o palhaço Pagliare!
 
   Rufaram os tambores, a platéia riu e fecharam-se as cortinas






PS: Eu tava escrevendo um outro texto, mas ele tava ficando mto grande, então resolvi colocar essa versão minha de uma "piada" que eu li em Watchman enquanto eu ainda decido se continuo ou não...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dor por não sofrer

Ando desligado, desatento, solitário
Sem graça, apático e monótomo
Não importa o que faço,
Não consigo mudar minha realidade

Nem os bares me satisfazem,
Nem a bebida ou drogas são suficientes
Para turvar minha mente,
Me tirar da realidade,
E quebrar minha rotina.

Preciso de amor
Uma droga mortal, que nos faz sofrer
Mas que me envergonho em dizer
Que nunca experimentei.

Ja tentei as vezes, na verdade até já amei
Mas nunca ao ponto de me desvairar,
Me entorpecer

As vezes penso em falar com aquela garota
Mas logo desisto,
Tenho medo, não sei de que,
Mas tenho medo.

Talvez insegurança,
Por não saber amar,
Talvez eu não ame da maneira correta,
Não a satisfaça, a faça sofrer ou sofra.

Não sei até quando viverei assim,
Nem sei se ainda estou vivendo.


PS:
Esse foi meu primeiro poema, não é bem meu forte, mas ficou legal.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O mito da vila

   A vila de Hammer era um pacato vilarejo com uma pequena população, uma economia de subsistência, a base de agricultura, pecuária e artesanato, era distante de outras cidades ou vilas, por isso não possuía um comércio forte.
   As vezes sofria alguns ataques de animais ou até de ladrões, mas não chegava a ser um grande problema, já que a população, por ser pequena, era também muito unida, impedindo assim que forasteiros saqueiem-na.
   Era uma manhã comum no vilarejo, ensolarada, com uma leve brisa soprando ao norte, fazendo as folhas secas do início do outono voarem e bailarem no ar, o tempo estava agradável, nem muito quente, nem muito frio, era o dia perfeito para se deitar sob a sombra de uma grande árvore e dormir profundamente.
   Mas de repente, uma sombra gigantesca cobre a luz do sol, sons de passos são ouvidos por todo vilarejo, eram acompanhados por tremores assustadores que despertou a curiosidade e o medo na população, quando então um urro retumbante ecoou entre as ruas.
   Uma criatura grotesca e gigante surge entre as altas sequoias que rodeavam a vila, era um monstro agressivo e raivoso, destruía tudo por onde passava, casas, pessoas, animais, nada ficava em seu caminho, a criatura estava faminta e queria carne humana. Durante três longos dias a pacata vila de Hammer viu o inferno, mesmo depois que sua fome passou, o monstro gigantesco ainda tinha de satisfazer sua libido, com seu estranho fetiche de empalar moças com seu falo gigante.
   A jovem Monique foi a infeliz vítima do monstro, após o fim do ato, a moça havia sido cortada ao meio, seus órgãos estavam espalhados na rua de terra e seu sangue misturado ao sêmen do monstro. O noivo da moça, Wallace, caiu em prantos, não acreditando naquela cena, vendo o amor de sua vida ser morta daquela maneira e ele não poder fazer nada. Wallace então jurou um dia matar o monstro e foi embora da vila atrás de meios de derrotar aquela coisa.
   No quarto dia, o monstro voltou à floresta, mas prometeu voltar em um mês.
   Com medo de um outro massacre, o prefeito decidiu ir à floresta propor um acordo ao monstro, prometendo dar duas vacas a cada mês e, a cada semestre, uma mulher seria enviada para satisfazer os desejos sexuais do gigante.
   Longos anos se passaram e mesmo que pareça uma atitude repugnante, os moradores se acostumaram com o fato de ter de sacrificar sua carne e suas mulheres, muitos daqueles que testemunharam o massacre ja estavam mortos ou muito velhos, ninguém poderia sair da vila sem ser atacado pelo monstro, animais não eram mais vistos e nenhum forasteiro ousava se aproximar do vilarejo, Hammer se tornou isolada do mundo atrasada, mitos surgiram sobre o monstro, feriados foram criados, quase tudo o que acontecia na vila era em decorrência ao grande Javéo, nome que os moradores deram ao gigante.
   Era um dia de festival na vila, o dia estava ensolarado e sem nuvens, o vento soprava seco enquanto o sol queimava o chão, mas mesmo com o calor os moradores continuavam trabalhando arduamente nos preparativos para a festa.
  A entrada da vila já não era mais usada a anos, plantas cresceram na estrada que levava à ela. Entre as plantas e o mato grande na estrada surgiu uma silhueta que aos poucos foi tomando forma até se mostrar um homem.
  O estranho forasteiro foi adentrando à vila como se já fosse um morador. Todos ficaram assustados, muitos ali nunca viram alguém de fora antes. O homem era velho, mas parecia ainda ser forte, tinha uma postura ereta e um olhar frio.
   Todos abandonaram o que estavam fazendo e foram falar com ele, o homem dizia já ter vivido aqui, mas foi embora aos 18 anos, com a promessa de voltar e matar o monstro que assombrava aquela terra, ele contou coisas sobre o mundo lá fora, desmistificou lendas e mitos dos quais os moradores acreditavam ser verdade e disse em voz alta que sabia como matar o mostro e que ia faze-lo.
   Porém, como em um mito de Platão, todos se uniram e mataram aquele homem, o esquartejaram e o queimaram e depois adoraram o monstro.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O Monge e o Samurai


Um samurai outrora poderoso e destemido, após muitas guerras e mortes, quis saber como chegar ao paraíso e não ao inferno. Ele saiu em busca de um famoso monge que vivia sozinho em um mosteiro muito distante, foi uma jornada difícil, poucos sabiam a localização do mosteiro, mas o poderoso samurai conseguiu seu objetivo.
Era um mosteiro pequeno, no alto de uma montanha, coberto por árvores, plantas e rodeado por animais. Lá estava o monge, era velho e com um semblante calmo e tranquilo.
Ele varria o chão calmamente, a idade não o deixava fazer movimentos rápidos, ele também não aparentava ter pressa, estava concentrado em seu trabalho e nem notou a aproximação do guerreiro, que o observava impacientemente, esperando ser notado.
-Ei! -Disse o Samurai
O monge olhou para o homem a sua frente portando uma espada, e ao notar sua presença, perguntou:
-O que o traz aqui, jovem?
-Sou um guerreiro famoso, já venci inúmeras guerras, mas algo me preocupa.
O samurai sempre com a postura reta, com a voz firme e com um tom alto e forte. Continou falando:
-Matei muitos homens em minhas batalhas e por isso temo que ao morrer, vá para o inferno, gostaria de saber, como chegar ao paraíso?
O monge então lentamente virou as costas e saiu andando calmamente, com a postura curvada, arrastando os pés e segurando sua vassoura.
Ao ver a atitude do monge, o samurai indignado preparou para sacar sua espada, quando estava pronto para cortar o velho ao meio, o monge disse em voz alta:
-Aí começa o inferno!
O samurai se assustou com as palavras do monge e pela primeira vez hesitou sua espada, ficou alguns segundos imóvel, olhando com os olhos arregalados para aquele homem de costas e de repente, rapidamente se ajoelhou, abaixou a cabeça e disse envergonhado pelo seu ato, ao mesmo tempo que assustado:
-Me desculpe!
E o monge calmamente disse:
-Aí começa o paraíso!
Escrito por: Lucas Uehara Pires (eu)