quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Os Vigilantes

   O ano era de 2056, o caos tomava conta da grande cidade de Santana que gritava por socorro em cada beco e viela escura e fétida.
   A algum tempo atrás, a cidade era mais calma e segura, mas graças as várias industrias que se mudaram para cá em busca de impostos reduzidos e mão de obra barata propagada pelo prefeito com a intenção de enriquecer a cidade, Santana se tornou uma metrópole, mas com isso vieram os problemas. Traficantes espalham vícios e loucura entre os jovens que entorpecidos se tornam zumbis capazes de tudo para manterem-se desvairados pelo tóxico, bandidos, assassinos, assaltantes, cafetões e prostitutas sujam as ruas, estupradores se esgueiram entre os becos escuros atrás de jovens perdidas, policiais corruptos esperam em suas viaturas pelo arrego, e a noite se mantém a cada semana mais escura e perigosa.
   Na TV é anunciada a greve dos policiais, mesmo os corruptos não tinham condições de se manterem vivos, não com aquele salário, não com aquele equipamento ou com o treinamento rídiculo. É claro que greve entre militares é crime e eles deveriam ser presos por isso, mas quem vai prende-los? A policia?
   Alexandre é um policial aposentado que agora trabalha como segurança em uma das várias industrias que enriquecem a cidade, todos os dias ao fim de seu turno, ele pega dois ônibus para chegar em casa e ainda tem um percurso de 20 minutos a pé. Enquanto espera no ponto de ônibus para voltar pra casa, nota que sempre tem as mesmas prostituas velhas que imploram por sexo a qualquer um que passe por elas, dentro do ônibus, jovens se entorpecem e praticam atos libidinosos sem nenhum pudor, nas ruas mendigos vagam sem rumo entre as calçadas sujas.
   Alexandre vê tudo isso com desgosto, lembra dos velhos tempos de quando era policial, lembra dos criminosos que prendeu e de como era dedicado a combater o crime, apesar de ter orgulho da policia, era contra a greve dos policiais, "eles sabiam do risco quando se alistaram para a policia, as pessoas precisam deles" era o que Alexandre pensava, mas seus anos de apogeu acabaram e agora só lhe resta balbuciar para si mesmo sobre o rumo em que as coisas tomaram.
   Em uma noite qualquer, durante o turno de Alexandre, que ficava o dia inteiro na portaria da empresa apenas abrindo e fechando cancelas, verificando credenciais, entre outros trabalhos entediantes.
   Pesquisas secretas eram feitas no interior da indústria, era uma fábrica de remédios, mas que tinha apoio do governo para pesquisas mais perigosas, com o fim de criar algum medicamento poderoso capaz de curar qualquer doença e aumentar a expectativa de vida das pessoas, o problema é que escondiam o fato de usar reagente ilegais na fabricação.
  Ocorreu um pequeno vazamento de um gás superconcentrado enquanto Alexandre estava em seu  posto, os funcionários foram liberados mais cedo, Alexandre foi embora pra casa, não demonstrava contentamento por sair mais cedo daquele trabalho chato, ele não tinha pressa pra voltar para seu solitário e desarrumado lar, olhar a foto de sua filha que não vê a anos, desde que se divorciou de sua esposa, e tentar dormir em vão durante horas, enquanto pesadelos assombram sua mente.
   No dia seguinte, ele recebeu uma ligação, a industria havia sido fechada, todos os empregados dispensados do dia pra noite, em sua conta foi depositado todo o dinheiro que lhe era devido, por conta da demissão, agora só resta a Alexandre ir em busca de um novo emprego, somente a aposentadoria de policial não era o suficiente para sustentá-lo e pagar a pensão. Mas por hora é melhor aproveitar o dia de folga para se embriagar com aquele velho Whisky barato guardado na geladeira e tragar aquele cigarro paraguaio comprado aos montes, enquanto divaga sobre o quão miserável e deprimente é a sua vida, nem passa em sua cabeça o por quê do fechamento da industria, nenhuma teoria da conspiração, nenhum lamento pela perda do emprego, nada, apenas as formas estranhas, que a espessa fumaça assoprada por sua boca, assume.
   Algo estranho acontece, o Whisky não o embriaga, não importa o quanto Alexandre beba daquela bebida amarga, nem o quão rápido ele bebe, não surge o efeito desejado, enraivecido, ele lança a garrafa contra a parede e mesmo sendo vidro causa uma rachadura enorme no concreto, curioso, Alexandre se aproxima da parede e olha atentamente, após alguns segundos, percebe que está descalço sobre cacos de vidro e seu pé está intacto.
  De repente, ouve gritos no corredor do prédio onde ele mora, ao sair de seu apartamento, se depara com um homem encapuzado com uma faca na mão, estuprando uma mulher, rapidamente, Alexandre investiu contra o homem, dando-lhe um soco na face, a mulher corre sem nem olhar pra trás.



Continua .....

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